Para quem está cansado da mesmice, que tal mergulhar em uma história diferente? Em Animal Crossing (Nintendo - Game Cube - 2002) não há vidas, nem barra de energia, nem chefões de fase. Só há você, novo morador de uma cidade, tentando se adaptar a uma rotina diferente e aos novos vizinhos.
Sua missão é simplesmente viver nesta cidade – conhecer e ser prestativo com os outros e pagar as contas em dia, a fim de prosperar seu patrimônio. Os moradores, ao contrário de você, não são humanos, assemelhando-se fisicamente a animais, tais como, pingüins, porcos, elefantes, ovelhas, gatos e cachorros. Estas criaturas quase sempre agem com simpatia e frequentemente contarão com sua ajuda, atribuindo-lhe desafios que consistem basicamente em entregar ou pegar objetos que foram emprestados entre os habitantes. Ajudar ao próximo neste mundo virtual, além de prazeroso, dá retorno, seja em dinheiro, móveis ou algum outro benefício.
A “aventura” já começa com você em dívidas, devido à aquisição de sua casa. Felizmente seu credor, compreendendo sua situação difícil, te dará um emprego até que você consiga trabalhar por conta própria. A pescaria e a caça de insetos raros são as duas melhores formas de se conseguir autonomia. Dar uma de arqueólogo, cavoucando e procurando por fósseis, também é um negócio rentável.
O tempo cronológico do jogo é o nosso tempo real, ou seja, o calendário funciona em sincronia com a realidade (através do clock do Game Cube), obedecendo a estações do ano e feriados, com atrações e surpresas todos os dias. Por exemplo, no halloween as pessoas se vestem de acordo com a data, no natal as árvores são decoradas com os piscas-piscas e no ano novo, há contagem regressiva, festa e show pirotécnico. Sem contar com as temporadas de pesca, dias de liquidação na loja do Tom Nook, vendedores undergrounds e forasteiros que subitamente dão as caras; a exemplo do cachorro músico - que em todos os sábados à noite aparece interpretando e nos presenteando com uma canção bem bacana. O repertório conta com aproximadamente 50 trilhas distintas, sendo necessário praticamente um ano de jogatina para que a coleção se complete. Existe a opção de encurtar este tempo, alterando o relógio do console, mas não queira cair na malha fina do castor auditor, resetando a partida sem antes salvá-la.
Seu lado altruísta pode ser desenvolvido ao se dedicar ao museu. O dono do local, uma coruja engraçada e tagarela, pede sua ajuda para completar sua desfalcada coleção. O museu é composto por aquário, borboletário, pinacoteca e sala de fósseis; cabendo ao protagonista procurar por espécies de peixes e insetos, bem como encontrar quadros valiosos e fósseis, com o objetivo de doá-los ao estabelecimento.
Decorar a casa é mais uma das possibilidades que Animal Crossing oferece, procure combinar cores e estilo de móveis, carpetes e papéis de parede. Não deixe de reformar seu lar, construindo um porão e um segundo andar, pois bastante espaço disponível facilitará sua vida na hora de dispor os móveis. Ao final do dia, uma comissão julgadora te dará pontos e sugestões de como melhorar seu ambiente. Você também pode dar uma de Clodovil, projetando novos modelos de roupas e confeccionando-as juntamente com a costureira, entrando, assim, para o mundo fashion de sua cidade. Só não se esqueça de mostrar seu trabalho à dona girafa, ela vai adorar seu bom gosto!
AC requer um bom conhecimento em inglês, não somente para se progredir, mas para entender os diálogos quase sempre recheados de piadas e sarcasmos. Conversando e enviando cartas e presentes aos amigos, você aumenta suas chances de fazer um bom negócio, seja na troca de mercadorias repetidas, ou até mesmo na aquisição de peças que você ainda não tenha. A loja do quati Tom sempre dispõe de novidades diárias; além de utilidades para a casa, inúmeros estilos de roupas e até games de Nintendinho aparecem nas prateleiras. Assim, você terá a oportunidade de relembrar clássicos como Balloon Fight, Super Mario Bros, ExciteBike, Donkey Kong, entre muitos outros (com save records e tudo mais), sem precisar recorrer ao Virtual Console ou a meios obscuros.
Com mais Memory Cards, outros vilarejos podem ser construídos, sendo permitido se deslocar de trem entre eles a qualquer momento. Estes deslocamentos acabam facilitando a conquista de amizades, peixes, insetos e mercadorias. Cada local pode ter seu próprio calendário, transformando as viagens em saltos no tempo, como em “De Volta para o Futuro”. Felizardos donos de Game Boy Advanced conseguem ampliar ainda mais os horizontes do jogo. Através da conectividade entre o portátil e o Game Cube, visitar a ilha próxima, rodar os títulos de NES na telinha e barganhar mercadorias com o e-Card Reader tornam-se tarefas possíveis, acrescentando maior replay value à aventura.
Tecnicamente o game não é nenhuma maravilha da natureza, mas incrivelmente os gráficos e efeitos sonoros apresentam um charme inigualável. Os bichinhos são fofos (ui), e a trilha musical vicia; volta e meia eu me pegava inventando letras para as canções. As estações do ano foram bem caracterizadas e os efeitos de luz que diferenciam manhã, tarde e noite são decentes. Os insetos se escondem em dias de chuva e neve, porém se multiplicam durante o verão e a primavera; detalhes que evidenciam coerência com a realidade. O modo progressive scan enriquece o visual e a experiência consideravelmente, sendo altamente recomendado.
A jogabilidade transcorre de maneira fácil e intuitiva, há alguns problemas que incomodam - como diálogos demasiadamente longos e missões repetitivas. Mas no geral AC tem bastante conteúdo a se explorar, fazendo com que horas se pareçam minutos frente à TV.
Animal Crossing, classificado ora como simulação, ora como RPG, é um título que a primeira vista parece bobinho e simples demais, contudo, se torna viciante na medida em que o gamer se aprofunda na história. Há muita coisa a se fazer e esta gama de opções oferece uma liberdade poucas vezes experimentada no mundo dos games. Esqueça, por algumas horas, todos aqueles jogos sangrentos que você possui, afie seu inglês e chame toda a família para participar deste intrigante convívio, ao estilo Second Life, com animais adoráveis em uma terra longínqua.
Nota: 8,5/10
Fotos retiradas do site gamespot.
Cara... esse é o tipo de jogo que minha esposa iria adorar. Tem alguma versão dele para o Wii? Se tiver, minha patroa tem ainda mais motivos para ficar me enchendo o saco querendo este console da Nintendo... hehehehehehe... :)
ResponderExcluirOi André, tudo beleza?
ResponderExcluirExiste uma continuação deste game no Wii chamada Animal Crossing City Folks, que, apesar da conectividade online (dá para explorar as cidades de outros usuários via Web), não é superior à versão do Game Cube.
Mas na verdade você não precisa ter um Game Cube para experimentar este game, use a retrocompatibilidade do Wii mesmo. Acho que dá para encontrar este jogo por um bom preço justo na internet.
O problema é que para isso terá que adquirir, além da mídia, um controle do GC e, pelo menos, um memory card.
Não só sua esposa vai gostar, você também acaba viciando neste treco, kkkkk.
Abraço!
Eu tenho o do WII eu e minha esposa jogamos muito durante um ano pelo menos, hj ele esta guardado, mas sempre lembro dele com carinho.
ResponderExcluir@Tazbugado
ResponderExcluirComigo aconteceu praticamente a mesma coisa. Mas volta e meia eu sinto vontade de jogá-lo novamente.