Uncharted – Drake's Fortune [PS3]

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Tantos filmes da década de 80 e 90 marcaram minha infância, especialmente aqueles que passavam na Sessão da Tarde (Globo). Divertia-me bastante com Indiana Jones, Jóia do Nilo, Goonies, Tudo por uma Esmeralda, etc. Filmes sem profundidade; repletos de clichês, ação e romances água com açúcar, porém capazes de prender a atenção do espectador, pois representavam uma história divertida, em cenários paradisíacos, e que não exigiam demasiado raciocínio ou reflexão para a compreensão do enredo, como muitos outros estilos do cinema requerem.

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No mundo dos videogames a mesma premissa se repete; há aqueles jogos onde é preciso concentração e estratégia a todo o momento, a fim de se decifrar enigmas ou de utilizar skills certas em momentos certos. Entretanto, também existem títulos em que o objetivo maior é simplesmente entreter. No mercado atual, os chamados games casuais têm ganhado mais e mais espaço a cada dia, conquistando aquele camarada que não tem tempo, ou não está interessado em se preocupar com temáticas complexas e longas combinações de botões.

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Uncharted, nosso review de hoje, apesar de não ser considerado casual pela crítica, tenta simplificar bastante a jogabilidade a qual estamos acostumados, pendendo mais para o lado da descontração; com pouco compromisso a saltos precisos, puzzles marotos ou ambientes a se explorar, baseando-se numa história até certo ponto piegas de caça ao tesouro e de tiroteios intermináveis.

O trabalho da Naughty Dog para Playstation 3 (2007) narra à aventura de Nathan Drake à procura da relíquia El Dourado através de pistas deixadas pelo seu antepassado Francis Drake. Para tanto, o protagonista, com a ajuda da jornalista Elena Fischer e do amigo Victor Sullivan, deverá ser mais esperto que piratas modernos e mercenários - concorrentes que não brincam em serviço. A trama se desenrola nas imediações da floresta amazônica, logo é de se esperar, muito calor, chuva e florestas durante a partida, além de templos antigos em ruínas.

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O desfecho de toda esta epopéia à lá Sessão da Tarde dura aproximadamente oito horas, alternando-se entre tiroteios, escaladas e puzzles. As escaladas não oferecem desafio, pois são praticamente “on-rails”; aponte o analógico e pule, se girar a alavanca para o lado errado o personagem não se movimenta. Os puzzles são elementares, se você não quiser pensar nenhum pouquinho é só usar o método “tentativa e erro” que tudo dá certo. Os tiroteios são intermináveis, os inimigos enchem a tela mais e mais, e para se esquivar de seus ataques é necessário utilizar o sistema de cobertura (cover), como em Gears of Wars.

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Mesmo com tantas ponderações, Uncharted Drakes’s Fortune tem muitos pontos a favor.

Utilizando-se do mesmo argumento usado no primeiro parágrafo a respeito de filmes, pode-se dizer que Uncharted é divertido exatamente por ser descompromissado, previsível e clichê; não exigindo técnicas de comandos avançadas, tampouco, intelectualidade. É o típico entretenimento relax de atirar em tudo que se mexe, ver carros explodirem pelo ar ou até mesmo espancar os vilões até dizer chega. Estas características na série me fazem voltar e jogar tudo de novo regularmente, em busca dos extras e dos os tesouros que faltam.

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A jogabilidade é responsiva e fácil de se habituar. Não há necessidade de se pausar para trocar uma arma, tá tudo ali próximo aos seus dedos, fazendo com que a aventura não perca seu ritmo em nenhum segundo. O menu inicial possibilita a escolha da dificuldade e a dosagem deste desafio é justa mesmo no nível hard.

O visual oferecido pelo jogo é um dos melhores da geração. As florestas são vivas, com texturas em alta resolução e efeitos de luz de cair o queixo. Fantásticas animações e dublagens bem encaixadas enriquecem a obra. Pelo carisma, beleza e o bom humor dos personagens, nem dá vontade de pular as cut-scenes. Enfim, percebe-se que a Naughty Dog teve todo um cuidado com os detalhes; o vento, a correnteza dos rios e as roupas molhadas após um mergulho, por exemplo, não passaram despercebidos. No aspecto estético, infelizmente nem tudo são flores: pop-ins de texturas, screen tearing e alguns probleminhas de colisão acontecem com alguma freqüência, porém, perto de todo o conjunto, pouco ofuscam o brilho do ótimo trabalho produzido.

Os efeitos sonoros impressionam, com explosões, tiros, cachoeiras, ruídos característicos dos animais da selva e os comentários engraçados que Drake, Elena e Sullivan tecem entre si, em meio a apuros com os inimigos. Existem narrações em várias línguas; a opção português de Portugal é hilária e imperdível! As bem compostas músicas casam com o clima de ação no melhor estilo Indiana Jones.

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Apesar de ser linear e clichê, Uncharted é divertido pacas, sendo aquele típico game em que, de tempos em tempos, você tem vontade de revisitar, seja pela beleza audiovisual proporcionada ou pela jogabilidade relaxante. Prepare-se para reviver os filmes Hollywoodianos da Sessão da Tarde, mas desta vez através do seu Playstation 3, no comando do corajoso Nathan Drake. Enfrente a profundidade da floresta amazônica, desvende os mistérios por trás da relíquia do El Dourado e utilize-se das anotações do seu antepassado Francis Drake como guia. Boa sorte! O título é exclusivo para o console da Sony.

Em breve vou postar aqui a análise do segundo episódio da série.

9/10

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